Golpe do falso advogado: entenda como criminosos têm feito vítimas em Franca e saiba se proteger

Técnica inclui falsificação de documentos timbrados do TJ e de números de WhatsApp em nome de advogados. São mais de 10 golpes registrados na cidade em poucas semanas.

O golpe do falso advogado tem gerado uma série de vítimas em Franca (SP). O alerta é feito pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que identificou um pico de denúncias de casos deste golpe nos últimos dias. O foco dos golpistas são pessoas com ações judiciais em aberto e de origem humilde.

Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, conta que tem um processo em andamento para receber juros do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em um processo que corre há mais de cinco anos.

Os criminosos tomaram conhecimento do processo e, se passando pela advogada da mulher, entraram em contato afirmando que ação tinha transitado e que um total de R$ 50 mil tinha sido liberado, mas que, antes do depósito do valor, era preciso depositar uma taxa de custos processuais no valor de R$ 854,75.

Em conjunto com o contato, os golpistas enviaram um papel timbrado em nome do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), com dados verdadeiros da ação, como o número do processo e o nome da juíza e da advogada, prometendo o depósito do valor a ser recebido em até 45 minutos após o pagamento das taxas.

A mulher não tinha toda a quantia e informou isso à "falsa advogada", que aceitou receber apenas metade do valor estabelecido. Acreditando que receberia a verba da ação, ela fez o Pix aos bandidos utilizando um dinheiro destinado ao pagamento da prestação de sua casa, que agora se encontra em atraso.

Com o sumiço da pessoa que acreditava ser sua advogada, ela percebeu que tinha caído em um golpe.

O QUE DIZ A OAB
Após identificarem um pico de denúncias deste tipo na cidade, a OAB de Franca emitiu um alerta para que clientes e advogados tomem cuidado com o golpe do falso advogado.

Foram cerca de 10 casos apenas nas últimas semanas, segundo Luiza Gomes Gouvêa, vice-presidente da OAB em Franca. Segundo ela, os dados são subnotificados, uma vez que nem todas as denúncias chegam ao conhecimento da instituição. Vítimas chegam a perder, em média, R$ 700.

SAIBA COMO SE PROTEGER
Luiza Gouvêa orienta a população a buscar contato telefônico ou presencial com seus advogados antes de qualquer transação bancária e indica aos advogados que alertem todos os clientes sobre os procedimentos de segurança para que não caiam no golpe.

A OAB também ressalta que os erros de português são muito comuns nesse tipo de ação criminosa. Desde o primeiro contato via WhatsApp, os golpistas costumam dar indícios de que não são advogados ou procuradores pela linguagem que utilizam. Os erros também são encontrados nos documentos falsificados.

Um outro indício de fraude é a informação de que há um valor a ser recebido mediante pagamento de algum custo, encargo ou taxa processual. Este geralmente não é o procedimento padrão adotado pela justiça.

Também há a orientação de não fazer pagamento diretamente a terceiros, em nenhuma hipótese. É preciso ficar atento ao número oficial do escritório ou advogado e, em caso de dúvidas, é preciso entrar em contato telefônico ou presencial diretamente com o representante.

O Tribunal de Justiça informa em seu site que "não comunica ajuizamento de ações ou supostas liberações de créditos por telefone ou WhatsApp e não solicita o pagamento de qualquer quantia". Além disso, o órgão ressalta a importância do registro de boletim de ocorrência em casos de golpe, para que a investigação possa ser feita.

Fonte: G1